segunda-feira, 27 de julho de 2009

Clausura


Enclausurado por vontade própria no meu mundo construido por letras de forma, miúdas e bem espaçadas para um melhor entendimento do desentendido que o escreve. Admito minha falta de tato, paladar e olfato, o que me priva dos prazeres mais sutís e passageiros dos tempos presentes e futuros.
Penso de maneira não linear, o que dificulta a minha ingestão e digestão de palavras e atos atestados por outros que nem ao menos se dão ao trabalho de pronunciar meu nome. Mas para que me preocupar com tão pouco?
Lí no jornal hoje logo cedouma coluna onde o jornalista afirmava estar morto, mesmo que algumas pessoas ainda não houvessem se dado conta diso. Achei interessante a forma com que falava sobre sua morte em vida...de certa forma me identifiquei...
Meu coração foi baleado, mas não sangrou, a ferida dói, mas lágrima alguma foi derramada, o homem máquina fica apenas sem conseguir dormir, a insônia é o reflexo do turbilhão de idéias não resolvidas.

domingo, 19 de julho de 2009

Outro


Amanhece mais um dia, e um após o outro...as horas passam, os pássaros já não cantam mais e eu penso no que posso esperar do lado de fora de minha caixa quebrada, gasta pelas noites ao relento e o vento que dificilmente soprava.
Hoje mais um dia é mais um dia em que o sapato vermelho encontra o pé, eles se cruzam e se enlaçam como um por horas , horas não medidas e marcadas, apenas horas que podem ser caracterizadas pelo passar da luz do dia que não para de seguir seu fluxo natural.
O sapato caminha lentamente seguindo seu compasso já ritmado com a dança antiga dos tempos passados e silenciosamente transita pelo mundo que a pouco foi descoberto... do seu passo silencioso pouco se sabe, mas se sente, se compreende e continua seu devir ... interrogações pairam sobre seu solo...mas para que responder? Para que preocupar-se tão logo com a efemeridade do dia?
Chega-se o outro dia...

domingo, 5 de julho de 2009

Razão


Tudo me aparece como em um passado, perdido e distante de mim sem que minhas mão possam alcançar por um lapso de segundo, meu presente tão amedrontador que me retém em pensamento abstratos e confusos....sinto que já não estou...mas estar onde?...ficar onde? chegar onde? quantas perguntas não respondidas e quantos sonhos desfeitos por mim mesmo...recrimino meu sonho...critico minha ação e sua falta...cada palavra pronunciada não tem a mesma firmeza, convicção ou tom imperativo...são apenas palavras vãs que podem ser trocadas a qualquer momento por uma outra besteira provinda de um gibi que encontrei em alguns papeis antigo que eu nunca mais li...Esqueci de quem sou e para onde estava indo...
Minha ilusão consciente me mata!!!!!que louca confusão de razão louca e louca razão...

SAPATO



Cada faz de conta...cada imagem animada concebida pela minha mente fértil...transforma o tédio inabalável de dias quentes banhados pelo sol de um dia como outro e que como o outro se passa...somente passa...nada de extraordinário, nada de fantástico...nada de nada....mas minha mente fértil fica cada vez mais aguçada em busca de emoções nunca realizadas, nunca realizáveis e por isso é tão especial...me possibilita alcançar o céu sem nem ao menos levantar a ponta do dedo do pé...este já cansado de carregar o fardo de um corpo tão pesado, preso em seu próprio sonho..assim como ele preso dentro de meu sapato furado de tanto caminhar nos dias de sol...